sexta-feira, 14 de novembro de 2008


"Eram as coisas. No que lhes dizia respeito, partia-se do princípio de que a crença nelas devia anteceder as próprias coisas; quando não se olha o mundo com os olhos do mundo e ele já existe no olhar, aquele pulveriza-se em detalhes absurdos que vivem tristemente separados uns dos outros como as estrelas da noite. [...] O querer, o saber e o sentir estão enrolados como um novelo, o que só se nota quando se perde o fio à meada; mas talvez seja possível andar pelo mundo sem ser agarrado ao fio da verdade."

Robert MUSIL, Tonka, Publicações Dom Quixote,
trad. Maria Antónia Amarante, p. 111